terça-feira, 19 de abril de 2011

ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES INDIGENAS NO LIVRO DIDÁTICO

Antonia Claudia de C. Rocha
Nilvon Batista Brito *


A análise das representações indígenas no livro didático foi feita mediante a leitura do livro de Historia da 3ª serie (4º ano) do Ensino Fundamental, que faz parte do Projeto Pitanguá da Editora Moderna. Conforme a organização do livro apresentada no sumario, o conteúdo esta distribuído em 3 blocos , com 3 unidades em cada bloco, cujos primeiras referências aos indígenas aparecem no Bloco 1, unidade 1 intitulada “A contribuição portuguesa”, onde apontando para a intenção dos portugueses de explorar o território brasileiro, surge a necessidade de muitos trabalhadores (escravos) e de acordo com o texto “as primeiras vitimas foram os donos da terra: os povos indígenas”(p.11)
É importante ressaltar que, na unidade 1 (bloco 1) do referido livro tem um sub-tópico chamado “as três primeiras influência que atesta para a contribuição dos indígenas, portugueses e africanos na formação do povo brasileiro. Essa idéia segundo o texto “Índios: passado, presente e futuro” é freqüente, nos manuais de história e acompanha uma valorização na nacionalidade que surgiu da diversidade.
No entanto, o livro em analise trata sobre os índios de forma mais especifica na unidade 2 (bloco I), intitulada “Os índios chegaram primeiro”, com base nesse titulo podemos perceber que os autores do livro defendem os povos indígenas como os primeiros habitantes do Brasil, idéia reformada no seguinte trecho: “milhares de anos antes de os portugueses chegarem a essa terras, os antepassados dos povos indígenas já viviam aqui”. (p.27)
Seguindo a analise das representações indígenas do livro em questão, observamos trechos onde há uma presença da visão do colonizador europeu, a seguir:

“Quando os Portugueses chegaram ao Brasil em 1500, cerca de 5 milhões de indígenas habitavam o território. O primeiro contato dos portugueses foi feito com os povos tupis. Alem do trabalho dos arqueólogos, os relatos feitos por portugueses e por outros europeus que estiveram nas terras brasileiras há centenas de anos também nos ajudam a conhecer um pouco da vida dos antigos tupis”(p.28)

Diante desse trecho percebemos que relatos de portugueses e outros europeus são indicados como fontes para conhecer os tupis, grupos este que segundo o texto “foram os primeiros povos encontrados pelos portugueses. Outra informação importante no livro analisado e sob o ponto de vista de relatos de colonizadores e viajantes é apresentação dos tupis como canibais (antropófagos), segundo esses relatos:

“os tupis eram povos guerreiros. De acordo com relatos de colonizadores e de viajantes como o alemão Hans Staden, os tupis não faziam guerras para conquistar terras ou para se apossar dos bens dos adversários. O objetivo da guerra era capturar inimigos para executá-los e comê-los, vingando assim a morte dos antepassados” (p.30)

Vendo essa passagem cabe fazermos uma pergunta: será que o objetivo da guerra para o povo tupi era somente capturar inimigos para matá-los e depois comê-los? Ainda se tratando das representações indígenas, o manual em analise mostra também dentro da unidade 2 “a historia do Brasil vista pelos indígenas, mas atesta para a luta desses povos para manter suas tradições e suas terras nos dias atuais. Ainda destaca a existência de diversos grupos que numa perspectivas de sobrevivência conseguiram se recuperar e a população voltou a crescer, tem como exemplo o povo Krenak, Quarup, Ianomami, Juma, Pataxó, Xavante, Caiapó, etc.
Feita a analise, entendemos que o texto sobre a historia dos povos indígenas foi construída entre contradições, pois mesmo não delimitando a história desses povos ao passado e apresentando-a nos dias atuais, a maioria das fontes consideradas na construção dessa historia são européias (relatos de viajantes) e o ponto de vista dos colonizadores. Portanto, podemos entender que apesar das mudanças que aconteceram nos últimos anos a respeito de como tratar e ver a historia indígena, a análise que realizamos nos propiciou também a visão de que o caráter dos textos sobre os povos indígenas é informativo sem muitas vezes inferir sem muitas vezes inferir qualquer intenção de critica ou reflexão sobre esse assunto.






BIBLIOGRAFIA:
Projeto Pintanguá: História/organizadora – Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela editora moderna, editora responsável Maria Raquel Apolinário. – 1.ed – São Paulo, 2005.

Texto; Índios: passado, presente e futuro. Luis Donisete Benzi Grupioni Mari – Grupo de Educação Indígena/USP – Disponível em WWW.forumeja.org.br

DISCUSSÃO SOBRE A HISTORIOGRAFIA PIAUIENSE

E AS ABORDAGENS PARA A ESCRITA DE UMA HISTORIA INDIGENA NO PIAUI

Antonia Claudia de C. Rocha
Nilvon Batista Brito *

        Na historiografia piauiense  podemos encontrar diversas abordagens sobre a historia indígena dentre elas destacaremos a visão de aulguns autores como Joina Borges que defende a tese da ocupação do Piauí pelos povos tremembes teria se dado pelo litoral, enquanto João Renor atesta para o processo de resistência indígena  no período colonial diante das guerras empreendidas pelos colonizadores e  na abordagem  da professora doutora Claudete Dias o processo de povoamento do território piauiense causou despovoamento   das populações nativas (indígenas).


.     Na analise sobre a história dos primeiros habitantes do Piauí Borges (2004) afirma ser necessário olhar a história por outro viés que não o da história tradicional, essa enxerga o povoamento das Américas sobre a perspectiva do colonizador, que expele o  índio para fora da narrativa. O  próprio termo pré-história, inventado para designar o período anterior a invenção da escrita, período considerado  de barbárie, é um termo, segundo a autora, discriminatório que confirma a exclusão do índio como sujeito histórico. Para a autora o entendimento do processo de povoação do Piauí só seria possível em sua plenitude a partir do entendimento de um novo conceito de historia superando uma concepção de historia positivista onde a verdade dos fatos por meios incondicionais de documentos escritos faz crer que a historia é uma ciência que estudo essencialmente o passado.   Para a construção da narrativa de uma historia sem exclusão, autora afirma ser necessário desconstruir esse termo preconceituoso. Para a construção da narrativa dos primeiros povos que habitaram o Piauí a autora se apoiará no entendimento de  Marc Bloch sobre a história: “a história é a ciência do homem no tempo” e não do homem que tem escrita. Dentro dessa perspectiva da nova história  todos os vestígios do homem no tempo são considerados um documento: pinturas rupestres; restos de alimentos, de cerâmica, de habitação,corpos, etc.A polarização do tempo, onde de um lado estar o homem que não tem escrita  e do outro o homem com escrita  vai legitimar a conquista e domínio dos povos ditos “primitivos”, pois  o outro sem escrita é interpretado como se a sua memória necessitasse de uma decifração, algo que tornasse inteligível ao portador da verdade.
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Acadêmicos do 8º Período do curso de historia da UFPI-PI

O conhecimento histórico ao longo do tempo se deu por meio da observação dos sinais materiais da vida do homem nas suas atividades em busca da sobrevivência, quer seja o conhecimento do senso comum como também no campo da ciência o distanciamento da cultura popular, ligado a tradição oral e indiciaria, da cultura mais abastadas acontece no momento em que a segunda classe busca diferenciar-se para conseguir privilégios em relação a primeira. A metodologia, baseada na objetividade e neutralidade provinda da verdade que vem dos documentos escritos é o que estabelecerá a diferença.  Assim a historia ao abandonar a busca   do saber  pelos métodos investigativos por meios de vestígios se entrega a cientificidade dos documentos científicos para se igualar as demais ciências naturais se distancia do seu objeto principal: o homem que “ama,sente,deseja,ou seja,vive,para se ocupar do homem  racional, que produz eventos no tempo.”
Para o historiador e a produção histórica, sobre um outro aspecto que não o da historia tradicional,  é necessário ter imaginação para ler os fragmentos deixados pelo homem em “paredes de pedras, em pirâmides,em sítios arqueológicos, nesses locais estão grafados a vida do homem em todos os seus aspectos racional e sentimental ler esses vestígios, que se constituem documentos, é fazer história.
            Dentro desse entendimento, um sitio arqueológico constitui um local repleto de indícios para o fazer historiográfico de acordo com a Nova Historia. O sitio seu bode no litoral piauiense estão expostos  vestígios da vivencia dos primeiros habitantes do litoral piauiense cabe ao historiador observar,analisar e decifrar o emaranhado de fragmentos ali expostos. Pois ali estão os sinais da existência do homem e para a história interessa a vida do homem em qualquer estado de existência.
          De acordo com  a observação de Borges a historia do povoamento da America aparece sempre nos livros didáticos e nas disciplinas das universidades como um apêndice preliminar , sempre fazendo parte de um período chamado de pré-história. Discute-se como o continente foi povoado, como chegou até aqui os primeiros povos etc. no entanto no momento em que entra em cena o colonizador a historia dos americanos  perde seu foco. Os mitos americanos não têm lugar nos livros escolares em seu lugar os mitos europeus ocupam todo o espaço. Mesmo reconhecendo que a colonização prejudicava os povos americanos os livros colocam como um mal necessário.
            Quando e por onde chegaram os povoadores da América é ainda incerto, apesar de várias teorias discutirem o assunto. Sabe-se que o homo sapiens saiu de seu berço na áfrica para povoar o mundo. Esses povos viviam  da caça, coleta de vegetais e pesca o que lhes permitiam sobreviver em meios hostis e possibilitava a aventura do deslocamento sem a preocupação da alimentação, dessa maneira foram se movimentando em direção ao sul provavelmente fugindo do frio durante a era glacial em busca de ambientes mais quentes. Talvez se os mitos dos povos americanos não tivessem sidos silenciados em detrimento dos mitos europeus fosse mais fácil a compreensão da diáspora do homo sapiens.
            As várias teorias sobre a penetração do homem no continente americano não dão conta de explicar com precisão quando nem como se deu essa penetração. Algumas falam que se deu pelo mar enquanto outros que se deu por terra. Para Niède Guidon esse processo se deu de forma lenta e gradual  por diversas vias, contradizendo a teoria que aponta o estreito de Bering como local de penetração do homem no continente americano. O indicio da teoria de Guidon são os vestígios encontrados na Serra da Capivara em São Raimundo Nonato: fragmentos de uma fogueira datada de mais de 50 mil anos e os parasitos intestinais encontrados em fezes humanas fossilizadas datada de 7 mil anos de idade o que torna a exclusividade da via de Bering impossível já que os parasitos não suportariam as temperaturas geladas da Sibéria e do Alasca.
No entendimento de Borges é possível que o litoral do Piauí tenha sido uma porta de entrada dos primeiros povoadores da America do sul, embora não exista evidencia para essa hipótese. No entanto no litoral do Piauí foram encontrados vários sítios arqueológicos com inúmeros vestígios na superfície das praias e próximos as dunas. Segundo a autora o entendimento da ocupação humana no Piauí passa por esses sítios. As grandes perguntas são: por onde, quando e quantos chegaram e as respostas  estão nas marcas que deixaram nas paredes de pedras e dos vestígios materiais encontrados no solo.
            As tribos que constituíam a nação tremembé habitavam a costa norte do Brasil e mantinham uma relação ora amistosa ora em guerra com os portugueses. Conforme Borges não entender essa relação de parceria entre portugueses e índios é vê-los como coitados enganados (vitimas) pelos colonizadores, dessa forma, os índios deixam de ser sujeitos históricos. A alternância de ânimos entre índios e brancos vai indicar que essa relação atendia a interesses mútuos, assim o índio também faz história, impondo seus interesses dentro da dialética do comércio. O interesse do índio não é analisado dentro da historiografia, pois o mesmo não está no epicentro da colonização. Da mesma forma, a ocupação do interior do Piauí por parte dos brancos, é visto pela historiografia tradicional como parte do processo de expansão da pecuária, qualquer incursão ou mesmo habitação antes desse período tem um significado nulo no processo histórico de povoamento do Piauí.
            A pergunta que a autora faz é se esse significado também é nulo pra os Tremembés. Os habitantes do Seu Bode ficaram tranqüilos com as visitas dos brancos que aconteciam periodicamente naquele litoral?
            O ponto de partida da pesquisa de Borges para responder essa e outras perguntas que envolvem o assunto não é o ontem e sim o hoje “o que ele interfere na percepção do ontem [...]”, para isso a pesquisadora vai observar o sitio seu bode e realizar uma descrição densa do ambiente e dos objetos encontrados no local.
            Um dos aspectos analisado é a presença constante de moluscos em todo o sitio provavelmente resultado da atividade alimentar dos grupos que ali residiram. Contudo, a autora observa, existe uma limitação do lugar atual pelo fato do mesmo estar bastante modificado o que impede uma maior compreensão do espaço do passado, agravado pela falta de documento. O que deixa a narrativa do cotidiano dos povos primeiros muda, embora Se possam vislumbrar ecos do cotidiano de um povoamento Tremembé no sitio Seu Bode. A hipótese da autora é apoiada na comparação de objetos confirmadamente Tremembé com os artefatos cerâmicos encontrados no sitio Seu Bode.
         
               Em relação ao  estudo de João Renor de Carvalho, denominado “Resistência indígena no Piauí 1718-1774”, a discussão é  sobre as origens e a trajetória de resistência das nações indígenas no Piauí, desde a chegada dos imigrantes tupis trazidos pelos fenícios até o início da colonização territorial. Dentro deste contexto e procurando apresentar as diferentes visões sobre os primitivos habitantes do Piauí, João Renor busca embasamento na tese de Ludovico Schwennhagen, filólogo alemão que aponta para a existência de um império colonial fenício no nordeste do Brasil, tendo Piracuruca como centro administrativo deste império e Sete cidades como um centro nacional, político e religioso de uma confederação de povos tupis, totalizando sete povos, sob domínio dos fenícios.
              Já na visão de arqueólogos como Paul Thiry e Philippe Aziz, apresentados no texto de João Renor (2008, p.24) “corroboram a tese de que os primitivos habitantes do Brasil fundiram-se com imigrantes procedentes de povos mediterrâneos em épocas muito remotas”. Considerando as informações apresentadas, Renor destaca o século XVIII e o período de governo do capitão-general João da Maya Gama, como o foco do seu estudo que segundo o autor, compreende o período em que o Piauí esteve sob a administração dos governadores do Maranhão e posterior jurisdição. Ressaltando o governo de Maya da Gama como representante da transição histórica da solução de conflitos com os indígenas do Maranhão, do Pará e do Piauí, embora conforme o autor “os problemas sofreram uma interrupção temporária e persistem até hoje.” (CARVALHO,2008 p.26)
           De acordo com a pesquisa em documentos arquivísticos, João Renor analisa alguns acontecimentos que estão na origem dos conflitos entre comunidades de origem européia e seus descendentes ou prepostos e as comunidades nativas que secularmente  ocupavam a região , que se tornou Capitania Colonial do Piauí durante a vigência do domínio português no Brasil.Um desses acontecimentos foi a determinação do Rei em 13 de março de 1702, que passava as fazendas de gado  e os moradores da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Piauí para serem vinculados ao governo do Estado do Maranhão, desvinculando essa área da Capitania. 
Atestado para o interesse que a coroa
             
              Na abordagem da Pofª Drª. Claudete Maria Miranda Dias, a historiografia tradicional mostra o Piauí como um espaço que foi descoberto, desbravado e conquistado pelos colonizadores, uma versão que privilegia a visão do colonizador europeu. De acordo com a autora, deve-se considerar a visão do nativo, pois com base em dados da pré-história, o Piauí já era povoado antes da chegada dos supostos “colonizadores”. Contudo, o que os colonizadores chamavam de povoamento, pode ser entendido como despovoamento das populações nativas, uma vez que o processo de ocupação das terras piauienses teve como foco a destruição dos povos indígenas, população esta que já ocupava o solo piauiense antes dos bandeirantes /desbravadores chegarem.
             Diante disso, o processo de conquista /ocupação das terras do Piauí gerou dentre outros conflitos, a luta pelo domínio da Terra. Para os nativos o espaço estava sendo invadido e era preciso defendê-lo, para os colonizadores era a descoberta de novas terras que deveriam ser conquistadas e ocupadas. Tal conflito dizimou grande parte da população nativa.
        Concluímos portanto que os autores em debate tem alem da temática comum (historia indígena), opiniões  que se relacionam intimamente, como a defesa do ponto de vista do indígena feita por Joina e Claudete dentro do processo de escrita da historia. Enquanto Renôr ressalta que apesar dos processo de luta empreendido contra os indígenas é importante entendermos que houve um processo de resistência desses povos diante desses conflitos possibilitando o estudo desses grupos nos dias atuais. 

Referencias:
BORGES, Joína. A Historia Negada: em Busca de Novos Caminhos.Teresina: FUNDAPI,2004

CARVALHO,João Renôr F. de. Resistência Indígena no Piauí Colonial. Imperatriz,MA: gráfica Brasil,2008

DIAS, Claudete Maria Miranda.




PRODUÇÃO HISTRIOGRÁFICA SOBRE EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX:

 Abordagens para a escrita de uma História da Educação no Piauí.[1]

                                                                           Antônia Cláudia de Carvalho Rocha[2]
                                                                                          claudiaaccr@hotmail.com


RESUMO: Este trabalho trata-se de um levantamento da produção historiográfica sobre o tema educação no decorrer do século XX no Brasil, tem como objetivo principal apontar algumas abordagens construídas sobre o referido tema no estado do Piauí. O estudo foi feito a partir de uma pesquisa bibliográfica, procurando contextualizar o processo de escrita de autores piauienses com algumas discussões existentes na historiografia educacional brasileira ressaltando suas obras e respectivas temáticas para entendermos a relação que eles estabelecem entre História e Educação.  

PALAVRAS – CHAVE: História, Educação, Piauí.


                A discussão em torno da produção historiográfica sobre educação no Brasil, pressupõe diversas abordagens dentre as quais Maria M. C. de Carvalho no estudo sobre a configuração educacional brasileira aponta a obra A cultura brasileira de Fernando de Azevedo como uma leitura interessante que deve ser feita “atentando para as estratégias textuais do autor visando a compatibilizar o atendimento à encomenda e a autonomia do seu trabalho intelectual” (CARVALHO, 2005, p.334). Ao analisar a A cultura brasileira, a referida autora nos informa que esta obra “constrói dois domínios apartados de investigação: o das idéias e projetos pedagógicos e o da história dos sistemas de ensino” (CARVALHO, 2005, p.343). Partindo desse debate, Carvalho destaca a referida obra como norteadora da pesquisa em História da Educação e que se constitui:
 [...]como um modo de narrar que se propõe como                           regra de narração para outros textos, prescrevendo não somente as regras de configuração do objeto pelo seu enquadramento em uma das séries referidas como também o modo de relacioná-las no espaço narrativo das explicações sobre o seu descompasso. Falando do lugar de produção das políticas que pedagógica e juridicamente instituem o sistema de ensino -o Estado -, a voz do narrador de A cultura brasileira pode ser ouvida, ainda hoje, nas seleções de períodos e de temas de estudo, nos padrões descritivos e explicativos e nas periodizações que configuram o objeto da investigação e o modo de narrá-lo. É no mínimo intrigante a correspondência entre esse padrão que se institui modelarmente na narrativa de Azevedo e o que se institui na produção historiográfica sobre educação. (CARVALHO, 2005, P.343)                                                                 
Porém há outras abordagens sobre o processo de escrita da História da Educação no Brasil, como a idéia de progresso educacional no século XX, defendida por Frederick Eby (1976, p.608) que atesta para o reconhecimento de poder da educação, que de um lado, levou os governos autocráticos a empregar a escola para perpetuar o controle totalitário das massas, mas por outro, conduziu ao esclarecimento dos votantes com relação a seus direitos e a como governar com inteligência.
Além disso, podemos destacar também a procura de Autenticidade idéia proposta por José Antônio Tobias que acredita nessa busca de autenticidade da Educação brasileira a partir dos ideais da Semana de Arte Moderna de 1922 “com seu profundo sentimento de inovação, com seu nítido sentido de originalidade com sua resoluta vontade de criar um Brasil novo e bem brasileiro”. Acredita ainda que este evento tinha propiciado a “explosão de progresso e do ensino brasileiros, e sobretudo, no nascimento da sede e da procura de autenticidade, característica fundamental e fundadora de um novo período da educação brasileira (TOBIAS, 1986, p..310-111)Segundo Tobias, essa procura de autenticidade seria importante porque a partir de então:
                                                                                                                                                                                 [...] é que a educação brasileira entrou no caminho certo; no caminho de si mesma, tratando agora da coisa real que apesar de muito atrasada a talvez feia, é realidade; não mais estará lidando com fantasmas, com doces sonhos platônicos, com máscaras pintadas. Ouve-se o toque final para a longa a deletéria noite de macaqueação da educação brasileira. (TOBIAS, 1986, p.311)
                                                                                              

As questões apresentadas não podem ser vistas como enquadramento dos autores em uma ou em outra questão, mais podem nortear alguns autores no momento de escrita de seus textos. Diante da delimitação do presente trabalho, destacaremos dentre outros autores piauienses, Alcebíades Costa Filho, Maria do Amparo Borges Ferro e Maria Auveni Barros Vieira, ambos trabalham com o tema educação no estado do Piauí, porém direcionam suas pesquisas sob diferentes pontos de vista que ora se aproximam, ora se distanciam, devido aos diferentes elementos que compõem seus estudos.
Em relação à obra de Alcebíades Costa Filho, A escola do sertão: ensino e sociedade no Piauí, 1850-1889, percebemos que o seu foco é estudar a educação no Piauí na época do Império para isso o autor analisa além da organização social, as formas de ensino do período colonial e aponta para o ensino desenvolvido no Império como um reflexo da educação imposta pelos portugueses desde o início da Colonização.

[...] pode-se afirmar que a questão do ensino no Brasil está relacionada ao processo de povoamento colonial do território, quando teve inicio o repovoamento da área de conformidade com o modelo de colonização portuguesa. Esse aspecto é de grande importância na história da educação; primeiro porque os colonizadores transplantaram para a região as instituições, sistemas e instrumentos sociais dentre as quais se achava o sistema de ensino. Segundo porque o comportamento do colono, em relação a esses elementos normatizadores da sociedade em formação, resultou em novas formas educacionais adaptáveis aos interesses dos diferentes grupos sociais que se constituíram na área a partir de então. (FILHO, 2006, p.73-74)

No entanto, conforme o pensamento de Filho (2006) havia uma ineficiência da ação da Metrópole na questão do ensino que não estava limitado à ação oficial onde alguns grupos buscavam alternativas para o ensino. O referido autor nos mostra que no Piauí imperial, embora precárias e inconstantes, existiam escolas instaladas pelo governo, porém diante da descontinuidade em seu funcionamento, a estrutura oficial de ensino teve reduzido alcance social, entre as razões que determinaram esse resultado encontram-se as distâncias entre escolas, localizadas nas cidades e vilas, e a maioria da população localizada nas fazendas; bem como a inadequação da estrutura do sistema de ensino em relação à estrutura socioeconômica do Piauí o que propiciou formas alternativas de ensino que funcionavam no espaço privado.
Sendo assim, Alcebíades Costa Filho (2006, p.89) percebe ao longo do seu estudo que “na gênese do sistema de ensino piauiense, encontram-se as formas alternativas de ensino particular e o sistema de ensino de natureza oficial. Este teve ação reduzida se comparada com as formas alternativas”. Evidenciando, dessa maneira, que as formas alternativas de ensino tiveram maior parcela de responsabilidade na difusão do ensino do que o sistema oficial.
                Sobre o trabalho a autora Maria do Amparo Borges Ferro, Educação e Sociedade no Piauí Republicano encontramos uma proposta de estudo voltada para o contexto dos primeiros anos do regime republicano. Porém para chegar a esse contexto a autora apresenta um panorama sócio-educacional da Colônia e do Império, considerando as permanências e rupturas na organização das formas de ensino, principalmente na transição do Império para a Republica, e afirma:

No Piauí a mudança do regime político de Império para Republica aconteceu sem preparação e foi feita de forma apressada e improvisada [...] pelo distanciamento geográfico e com as dificuldades de comunicação da época, ao que tudo indica, aconteceu semelhante o que ocorreu na capital do país, em que, após a proclamação, o povo saiu às ruas, aparentemente sem entender bem o que tinha acontecido, nem como e sem prever quais os desdobramentos que daí adviriam. (FERRO, 1996, p.79)

Analisando a afirmação mencionada pela autora em debate, entendemos que a mudança de regime político no Piauí, não alterou muito o conteúdo social, segundo Ferro “a Primeira Republica a nível nacional teve a educação caracterizada por reformas, no Piauí também elas se apresentam de forma consecutiva e desconexa” (FERRO 1996, p.87) Com isso, vemos alguns entraves à execução dessas reformas no âmbito educacional como: a influência do poder político sobre a instrução pública e o problema da desvalorização salarial do magistério. Mesmo assim, mediante leis que conduziram as tais reformas, foi possível a construção de prédios para funcionarem escolas estaduais, pois a falta de acomodação para o funcionamento das escolas era um outro problema a afligia a sociedade daquele período.
Dessa forma, constatam-se escolas construídas em Teresina, Picos, Campo Maior, Piripiri, Amarante, Miguel Alves, Barras, Porto Alegre, Piracuruca, Pedro II, Parnaíba, Oeiras, Bom Jesus, Castelo, São Raimundo e Palmeiras. Além da criação da Escola Normal que era apontada como a grande solução para o problema educativo, através da formação de mão-de-obra especializada. A autora acredita ser tal apontamento  “reflexo da ideologia reinante do otimismo pedagógico e do entusiasmo pela educação” (FERRO, 1996, p.104.105). Contudo, apesar de algumas escolas construídas nesse período não terem funcionamento continuo é durante a Primeira Republica que Ferro credita à expansão do ensino primário e a instalação de modo irreversível do ensino secundário concluído que:

[...] é possível afirmar que o período da Primeira Republica, apesar doa avanços e retrocessos e das dificuldades enfrentadas, pode ser considerado como época em que
o ensino formal no Piauí se consolidou de forma definitiva, tanto no setor público,
como na rede particular.[...](FERRO,1996, p.124)

Em se tratando do estudo da autora Maria Auveni Barros Vieira denominado Educação e sociedade picoense: 1850 a 1930, encontramos uma recomposição da trajetória educacional de Picos, desde sua emancipação política e administrativa na década de 1850 até o final da Primeira Republica em 1930. Composta de 4 capítulos, a referida obra traz no capítulo I “Noticias histórias sobre a educação e sociedade picoense” onde a autora discute a origem da cidade de Picos, apontando versões sobre quais fazendas teriam dado origem à cidade, afirmando:

Independente do seu curral de origem é possível afirmar que surgimento da povoação de Picos não foi diferente do surgimento de outras povoações piauienses; ou seja, uma comunidade organizada a partir do criatório de gado inicialmente como uma fazenda plantada as margens do rio Guaribas pelo colonizador português, que chegava ao sertão do Nordeste brasileiro, em terras distantes do litoral, onde o poder não estava concentrado nas mãos dos senhores de engenho, mas nas dos senhores criadores de gado.   (VIEIRA, 2005, p.26)


Além de tratar sobre o surgimento do povoamento de Picos, no primeiro capítulo ainda é relatada notícias a respeito da educação formal de Picos. Já no segundo capítulo, a pesquisadora faz um apanhado da evolução político-administrativo de Picos, destacando o crescimento da povoação desde o estatus de Freguesia, passando por Vila até a criação do município em1890 (VIEIRA, 2005, p.31-34). Ela discute também algumas questões sobre o exercício do magistério masculino e feminino em Picos.
                No terceiro capítulo, é possível observar à descrição de uma rotina, que de acordo com a autora é peculiar as pequenas aglomerações do Sertão do Nordeste brasileiro, onde também se encontrava o município de Picos. Essa rotina está voltada para a agricultura  e atividades domésticas ,o que aliado a precariedade  e escassez de escolas na região registrava uma baixa freqüência de alunos .Diante da situação a atuação do mestre-escola era uma prática adequada a rotina de trabalho das famílias.(VIEIRA,2005,p.76) 
 Ao final do quarto capitulo, Vieira discorre sobre a criação de escolas primárias particulares em Picos, destacando a questão do espaço improvisado até mesmo pra o funcionamento do primeiro grupo escolar denominado Coelho Rodrigues, que só teve sua sede inaugurada em 1933. Nesse contexto a autora conclui:
                                                                                                   
Essas informações acerca da Educação picoense em períodos posteriores, porém próximos, a fase da primeira república, levam a crer que as deficiências existentes na Educação do município apontadas no decorrer do trabalho ainda iriam permanecer durante um período extenso como uma das marcas negativas dos índices sociais não só de Picos, mas do Piauí e do Brasil. (VIEIRA, 2005, p.93)

Portanto, considerando as abordagens sobre educação no século XX, discutidas inicialmente e relacionando-as construídas sobre a História da Educação no Piauí, debatidas nesse trabalho, podemos inferir que estes autores construíram suas pesquisas com um ponto comum, pois mesmo trabalhando com recortes temporais diferentes, no caso do Alcebíades C. Filho (império) e da Maria do Amparo B. Ferro (república)ou espaços diferentes,pois Maria Auveni B. Vieira estuda a sociedade picoense , enquanto os demais autores citados estudam o Piauí como um todo, ambos construíram suas pesquisas voltadas para  a história dos sistemas de ensino sejam eles de natureza oficial/públicos ou privados .
                Na busca de reconstruir a realidade da educação nos respectivos espaços e recortes temporais, podemos afirmar o caráter de autenticidade dado pela escolha do objeto de pesquisa desses autores. Quanto a idéia de progresso educacional no século XX, se levarmos em consideração que os pesquisadores piauienses estudam a história dos sistemas de ensino aliada impasses de ordem política, principalmente, cabe nos questionar até onde devemos considerar a idéia de progresso educacional, pois seria a criação desses sistemas de ensino melhorias para a população e estaria desprovida de interesses políticos ou seria manobras para adequar a população aos interesses das elites políticas?

                 
 Referencias bibliográficas

EBY, Frederick. História da Educação Moderna: teoria, organização e práticas educacionais; Tradução de Maria AngelaVinagre de Almeida, Nelly Aleotti Maia, Malvina Cohen Zaide.2.ed.Porto Alegre , Globo, Brasília,INL,1976.

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. A configuração educacional brasileira. IN:
FREITAS, Marcos César. Historiografia brasileira em perspectiva (org.)-6. ed.São Paulo :Contexto , 2005.

FERRO, Maria do Amparo Borges. Educação e Sociedade no Piauí Republicano. Teresina, 1996.

FILHO, Alcebíades Costa. A Escola do Sertão: Ensino e Sociedade no Piauí,1850-1889.  Teresina, Fundação Monsenhor Chaves,2006.

TOBIAS, José Antônio. História da Educação Brasileira. 3. ed.SãoPaulo:Ibrasa,1986.

VIEIRA, Maria Aveni Barros. Educação e Sociedade Picoense: 1850 a 1930.Teresina:EDUFPI,2005





[1] Artigo apresentado a disciplina “tópicos de Historia do Piaui”, ministrada pela profª Ms. Nilsangena Cardoso lima, como requisito obrigatório para a obtenção da terceira nota da disciplina cursada no período 2010.2
[2] Aluna do 8º Bloco do Curso de História, da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resumo dos textos estudados na disciplina ética

O QUE É A ILUSTRAÇÃO.

                                                                      
                                                                                                 Nilvon Batista de Sousa Brito *


A ilustração é o meio pelo qual o homem sai da menoridade, entendendo por menoridade  não a falta de entendimento, mas “a incapacidade de fazer uso do entendimento”. A busca do entendimento  depende inteiramente do próprio individuo que deve superar a preguiça e procurar usar seu próprio entendimento.

O autor aponta a preguiça e a covardia como as duas principais razões pela permanência da menoridade em grande parte da humanidade, isso por ser mais cômodo se utilizar do pensamento de outro. No entanto o individuo sem sua autonomia  são facilmente manipulados por outros.

A liberdade é fundamental para que ocorra a ilustração e sempre haverá pensadores que disseminarão essa idéia. Por meio da ilustração o homem ganhará  autonomia para se posicionar a respeito de tudo sem a necessidade de ser ditado por um monarca, esse deve captar a vontade pública e unir com a sua, formando assim a ordem civil.




A ecologia é um termo que designa uma área do conhecimento cientifico no campo da biologia. O termo migrou para a área das lutas sociais  para designar  os movimentos em defesa do meio ambiente. 

Os movimentos ecológicos derivaram-se dos movimentos de contracultura desencadeados nos anos 60/70 nos E.U.A e Europa ,  esses movimentos questionavam a preponderância  da sociedade capitalista de consumo. Pregavam a existência de  uma sociedade voltada para a natureza, que valorizasse o ser humano em detrimento do materialismo. Nesse sentido sonhava-se com uma sociedade onde fosse possível  a existência de um estilo de vida alternativo ao contemporâneo tendo uma “visão da natureza como contraponto  da vida urbana, tecnocrática  e industrial [...]” (p.48)  Assim o ecologismo aparece em um momento utópico e repleno de sentimento de contestação.

No Brasil, que vivia no período dos anos 70 um regime autoritário, o que possibilitou o início das lutas ecológicas foi “o encontro de dois contextos socioculturais”: a tentativa de se inserir no contexto internacional com as criticas contraculturais e as formas de luta ecológicas européias e americanas, e no contexto interno a recepção dessas idéias “no âmbito da cultura política e dos movimentos sociais.”  Podemos destacar os movimentos populares,da igreja  da libertação e das Comunidades Eclesiais de Base e os movimentos sociais urbanos como destaque na luta ecológica. Como também a luta dos seringueiros da Amazônia que ganhou dimensão internacional, sob a liderança de Chico Mendes.

O debate ecológico fez surgir a Educação Ambiental com o objetivo de despertar  no cidadão uma conscientização da responsabilidade de proteger   o meio ambiente em que vive, sob pena do desaparecimento dos recursos naturais. A EA se tornou objeto de políticas públicas no plano internacional com a realização de conferencias  sobre o meio ambiente. No Brasil  a EA estar presente desde  1973, mas somente nos anos 80/90  se torna mais conhecida. Em 1992 o Fórum Global no Rio de Janeiro define o marco político para o projeto pedagógico da EA.

Ética da compaixão e co-responsabilidade.
(resumo)
            
O texto aponta alguns aspectos do crescimento e da possível inserção social e ecológica do budismo, que tem como representante mundial o Dalai Lama e no Brasil o professor Lama Padma Samten.
Para o budismo “a compaixão é fruto de um amplo processo, que começa com a   percepção do estado da  mente (em desequilíbrio)” essa situação geraria o sofrimento. Para o Dalai  Lama é o sofrimento que leva o ser humano a buscar a união com o seu semelhante. Todo ser  procura evitar o sofrimento e alcançar a felicidade, porem os métodos para essa finalidade são incorretos por não compreender “a profundidade ética da existência  dos seres em inseparatividade”(p.84). O homem em geral costuma ter uma visão do universo onde os seres e a  natural são dissociados, no budismo a visão do universo como um todo é imprescindível.A origem do desequilíbrio ecológico e desintegração social  é apontado pelo Dali Lama como resultante da insatisfação pessoal do egoísmo,apego e desejo.As desigualdade sociais provenientes do crescimento econômico  e apego ao material leva o homem a infelicidade. Essa doutrina prega uma atitude de não violência contra a natureza e os seres vivos.

A relação entre  religião e  ética ambiental apresenta aspectos frutíferos para a ética ambiental. Por esse termo entende-se um comportamento consciente e de responsabilidade diante da problemática do meio ambiente.
Para o hinduísmo existe em tudo uma “manifestação  de um ser interior ou espiritual que dá unidade as diversas divisões e articulações do mundo”(p.89) existe então uma correlação entre a visão de uma mundo ecológico e o pensamento hindu. Sobretudo na compaixão pelos seres vivos e uma harmonia com o meio ambiente.
No jainismo cada ser (alma) preserva sua própria  integridade. Existe uma determinação de preservar o menor ser vivo e de compaixão pelos sofrimentos.
A tradição judaico-cristã apresenta uma hierarquia no processo ético-ambiental:  Deus como criador da natureza e o homem como usuário dessa criação. O homem é posto como guardião e protetor da natureza e não como proprietário, segundo João Paulo II, amar os semelhantes implica em preservar os recursos naturais. (p.91) . Para o islamismo o  homem deve conservar a criação de Allah, pois é um símbolo do seu poder. Assim o islamismo estar de acordo com a ética ambiental.
 

Cristianismo e Ética Ambiental

              A  relação existente entre cristianismo e natureza é algo complexo que pode ser visto tanto como um efeito positivo e frutífera como antiecológica. Para entender a dualidade dessa relação é necessário recorrer a um olhar histórico da questão.

Na Idade Media  a visão   Teocêntrica de mundo  dava evidência a relação homem-criador, destarte, a natureza era vista como obra divina e impedida de ser  transformada  radicalmente pelo homem. A revolução cientifica afastou a natureza  de Deus  transformando essa em  matéria dominada pelo homem. Para a fruição dos recursos naturais ao seu bel prazer o homem se fundamentou em passagens bíblicas  sem considerar o seu contexto que apontam para a responsabilidade com os seres. O exemplo de uma “interação de respeito grandioso para com todas as formas de vida” (p.77)  é a vida de São Francisco de Assim, considerado o  Patrono da Ecologia  por ter mostrado ao mundo o amor incondicional aos  seres vivos e a natureza sem distinção,  exercendo assim “um equilíbrio dinâmico do humano no mundo”(p.79)           

A conotação antiecológica na tradição judeu-cristã apontado por Leonardo Boff pode ser vista como uma critica a relação cristianismo e ecoética: O Patriarcalismo, Deus como pai e senhor absoluto reafirma os valores masculinos na sociedade; Monoteísmo, o Deus único do cristianismo fechou as janelas para a explicação de fenômenos de um universo diversificado; O Antropocentrismo, “resulta dessa leitura arrogante do ser humano”(p.79); Ideologia tribalista da eleição, a exclusão surge com a idéia de povo eleito e por fim, a maior de todas as distorções ecológicas a crença na queda da natureza “ a idéia de que a Terra com tudo que nela existe e se move seja castigada por causa do pecado humano remete a um antropocentrismo sem medida.”(p.80)


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* Acadêmico do 6° período de Licenciatura em História na UFPI – Picos

 Para Boff  “É necessário parar para refletir, ouvir, sentir e inserir-se na natureza, no tempo, na vida das pessoas e nas experiências mais humanas e éticas da nossa vida diária”, (p.81)  dessa forma é possível entender o processo espiritual onde segundo Boff é de grande valia nas relações sociais na sociedade de consumo onde o isolamento do homem leva-o a amenizar as dores subjetivas  nas religiões, essas o distancia das atitudes  politizadas.   É necessário perceber que o mundo estar em evolução e esse entendimento vêm por meio de um processo espiritual.
(Resumo)

                                                                                                  Nilvon Batista de Sousa Brito*


O padrão de visão do mundo que temos hoje se formou  com a revolução cientifica, a partir do século XVII em diante com a chamada modernidade.

Esse novo paradigma se dar com a ruptura de um mundo que tinham uma cosmovisão  orgânica, onde o homem estava inserido na natureza como um ser dependente e obediente a ela.“ vive-se em comunidades pequenas e coesas, com relativa autonomia,vivenciando mais proximamente os processos socionaturais”(p.15). Os cientistas desse período priorizavam “as questões relativas a Deus, a alma e a ética.”(p16) prevaleciam os interesses coletivos em relação ao individual.

Na revolução cientifica perde-se essas características espirituais e o mundo passa a ser vista como matéria física. Esse mundo material será disponibilizado ao homem para que possa, por meio do conhecimento, transforma-lo “naquilo que pode servir e enriquecer materialmente o ser humano como home faber”(p.17)  Dessa forma, acontece a Revolução industrial  trazendo a noção de progresso e a racionalidade cientifica por meio do positivismo como meta para se alcançar a emancipação e felicidade da humanidade.

A problemática desse novo paradigma levantada pela Escola de Frankfurt mostra o positivismo como algo desumano. A critica que se faz a mudança de paradigma não está na substituição da fé pela razão humana , mas no fato da racionalidade ser considerada como “principio último da fundamentação do que deveria ser admitido.”(p.17) o que vai implicar no distanciamento do homem em relação a natureza.

Os sintomas dessa problemática vão aparecer nas idéias dos principais pensadores da Razão: R. Descarte, “o ser humano é essencialmente um ser racional (e dotado de alma)” (p.19) só aceita uma explicação positivista para o universo. Galileu Galilei considerado o pai

da ciência moderna “expulsa os elementos espirituais,estéticos e éticos do conhecimento.”(p.19) F. Bacon  por meio do conhecimento cientifico pode-se dominar e transformar a natureza.

A noção que o homem medieval tem da natureza  como uma  mãe é destituída pela Revolução Cientifica e no lugar o homem racional a ver como um objeto, assim “ o olhar sobre a vida torna-se rígido e mecanicista”.(p.20)
Acerca do Paradigma Cartesiano-baconiano da Modernidade Cientifica
OUTRA ECOLOGIA É POSSIVEL: A ECOLOGIA DO MOVIMENTO ECOLÓGICO
 

CULTURA E CIDADE: UM OLHAR ETNOGRAFICO DA CIDADE DE PICOS. – PATRIMONIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL.

                                                                                                                 Nilvon Batista (UFPI)



A preservação do patrimônio cultural é uma preocupação cada vez mais presente em diversas áreas do conhecimento. Dentro desta discussão, ressalta-se a importância do estudo e preservação do patrimônio urbano-arquitetônico, pois se entende que este representa a dimensão física para a salvaguarda da memória de uma sociedade. O município de picos localiza-se no centro-sul do Piauí, a 302 km da capital Teresina. Historicamente, Picos tem uma tradição no comercio do Piauí. Quando no século XVII a família do português Borges Marinho chegou à região  para criar gado e cultivar o vale de terras férteis do Guaribas, fundou no local onde hoje é o centro de picos uma fazenda onde dentro de pouco tempo se transformou em um grande centro comercial da região. As construções que suplantaram os tempos são  reservas de memória e fontes epistemológica  para o entendimento da formação cultural de uma sociedade. Entretanto, verifica-se atualmente uma desvalorização e degradação do patrimônio edificado no centro  da cidade. Neste sentindo, o objetivo deste trabalho é fazer um levantamento do patrimônio cultural material e imaterial que possa resgatar a memória de Picos, tomando-se como procedimento metodológico a pesquisa de campo antropológica e inventário edilício do patrimônio cultural material, ainda existente, e o imaterial - lesado pelos costumes globalizados e massificados da mídia.

PATRIMÔNIO CULTURAL.
O conceito de patrimônio cultural é o entendimento que se tem de monumentos históricos que faz lembrar acontecimentos relevantes dentro de um contexto local. No site da internet wikipédia encontramos o seguinte:
patrimônio cultural é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devam ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. O património é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje, e que passamos às gerações vindouras. Do património cultural material fazem parte bens imóveis tais como castelos, igrejas, casas, praças, conjuntos urbanos, e ainda locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral. Nos bens móveis incluem-se, por exemplo, pinturas, esculturas e artesanato [...](F:\Património_cultural.htm)
Em que pese sua importancia podemos então dizer que os monumentos são símbolos de cultural. Dessa forma, o patrimonio cultural é essencial na reconstrução da memória, ja que para reconstituir o passado a objetividade dos documentos não é por si só satisfatória, já que não podemos confiar plenamente nessa objetividade, uma vez entendido que os documentos tambem são manipuláveis ou insuficientes. Será necessário recorrer a outros fontes como a memória,o estudo do cotidiano, dos costumes, das artes etc. Todavia, a memória é limitada, não consegue recuperar os acontecimentos em toda a sua dimenção o que torna as   informações fragmentadas:

“Halbwachs contesta absolutamente que haja uma conservação das imagens na mente. Nosso conhecimento do passado não é conservado, mas reconstruido, a memoria não é uma operação mecânica, e sim função simbólica. Assim, a lembrança depende da possibilidade de possuirmos ideias gerais, sem as quais não teriamos nenhum passado pessoal.”(Jean STOETZEL.apud                                                                         MELLO. p.48)

Em Casa-Grande e Senzala, Gilberto Freyre faz uma analise antropológica da formação social do Brasil onde as edificações coloniais, que dão nome a obra, é apresentada como um símbolo de poder e não poder. Daí pode-se perceber a importância das edificações no estudo não somente do ponto de vista histórico, mas também antropológico. Podemos entender essas edificações como patrimônio cultural material, pois são lugares de memória. Esses lugares provocam um insight nas pessoas que ali viveram ou tiveram algum contato por meio de visitas ou relatos de antepassados trazendo a tona às informações que estavam ali repousando e agora servirá de dados para a interpretação da cultura:

“A história social da casa-grande é a história íntima de quase todo brasileiro:da sua vida doméstica, conjugal, sob o patriarcalismo escravocrata e polígamo; da sua vida de menino; do seu cristianismo reduzido a religião de família e influenciado pelas crendices da senzala.[...] O arquiteto Lucio costa diante das casas velhas de Sabará,são João Del Rei, ouro preto, Mariana, das velhas casas grandes de  Minas, foi a impressão que teve: ‘agente como que se encontra... e se lembra de  coisas que a gente nunca soube, mas que estavam lá dentro de nos; não sei – proust                                                                                                                                                                                                                                                                     devia explicar isso direito’.” (FREYRE,p.44).

Da mesma forma se dar com o patrimônio imaterial, o que antes era uma brincadeira, uma diversão, um jeito de cozinhar, rezar, trabalhar que se tornou popular e foi repassada através das gerações se apresenta hoje como uma manifestação simbólica da cultura, que através da institucionalização se torna um personagem importante dentro desse processo de entendimento de uma cultura. No site da internet encontramos o seguinte conceito para patrimônio cultural imaterial:

“ é uma concepção de patrimônio cultural que abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições” (F:\Património_Cultural_Imaterial.htm).

A base de uma análise antropológica de uma sociedade é a interpretação da cultura, essa se bem sucedida permitirá uma aproximação real do objeto pesquisado, ou seja, o que de fato faz parte de uma cultura. Uma interpretação equivocada comprometerá o sucesso da pesquisa, o etnógrafo tem como objetivo isolar o aparente do real, as coisas que estão interferindo no surgimento do elemento verdadeiramente cultural. Entrar dentro desse emaranhado, levantar dados, observar, deduzir, intuir são tarefas do etnógrafo (GEERTZ).
O método antropológico implica em uma incursão ao campo empírico, de modo que o pesquisado possa se aproximar o máximo  possivel  do seu objeto de estudo e não se prenda a dogmas teóricos que possam gerar ambiguidades  na pesquisa antropológica.(LAPLANTINE). Isso não quer dizer que deva-se abandonar a pesquisa bibliográfica, pelo contrário, toda pesquisa deve começar por aí. O pesquisador deve ir a campo com o máximo de informação teórica  sobre o assunto de sua pesquisa.”Sua pesquisa começa muito antes de partir para o campo. Principia nas bibliotecas e nas livrarias.”(MELLO p.75)
A seguir apresentamos a nossa pesquisa etnográfica sobre os patrimônios culturais de Picos, tendo como parâmetro referencial  o método antropológico de pesquisa.



PATRIMONIO CULTURAL MATERIAL DE PICOS.

1.Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
Localizada no inicio da Avenida Getúlio Vargas. Foi a primeira igreja construída em Picos, no principio era uma capela dedicada a São José, construída pelos vaqueiros que lhe deram o nome de São José das Botas, picos nessa época ainda era povoado. Com o crescente número de fieis a igreja foi reformada e passou a chamar-se de Sagrado Coração de Jesus isso devido ao grande número de devotos que aumentava a cada festividade. Sobre a criação da igreja encontramos o seguinte depoimento de D.Miriam Lélis1 no livro Acervos Histórico:2 “De 1827 a 1830 foi a construção da capela de são José de Botas. Os habitantes pediram a imagem de são José com vestimentas de vaqueiro devido a criação de gado naquela época na região.”
A construção em estilo maneirista3 com alguns elementos do rococó4  permanece fiel a suas
características originais. Bem no inicio da avenida, onde se erguem prédios modernos e o intenso trânsito faz-se apregoar a vida globalizada, a igrejinha resiste ao tempo como uma representação da cultura  picoense.

2. Catedral de Nossa Senhora dos Remédios.
A igreja foi construída em 1871 pelo padre cearense, conhecido na região como frei Ibiapina. No entanto foi demolida em 1948 para construir uma nova igreja. Esse projeto era de um grupo de frades alemão, que não tinha originalmente a intenção de demolir e sim de construir uma outra igreja. .Contudo, antes de iniciar a construção eles foram transferidos.
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1. Atual presidente do apostolado da oração da diocese de Picos – pi.
2. Acervos históricos:experiências no levantamento de acervos documentais na região de Picos -  É  
uma antologia de trabalhos dos alunos do I período de História da UFPI-CAMPUS de Picos.organizado pela professora  Ana Paula Cantelli e Rodrigues Gerolineto.
3.A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração
4. A arquitetura rococó é marcada pela sensibilidade, percebida na distribuição dos ambientes interiores, destinados a valorizar um modo de vida individual e caprichoso. Essa manifestação adquiriu importância principalmente no sul da Alemanha e na França. Suas principais características são uma exagerada tendência para a decoração carregada, tanto nas fachadas quanto nos interiores. As cúpulas das igrejas, menores que as das barrocas, multiplicam-se.
O projeto foi continuado pelo Pe. Madeira que decidiu demolir e construir a nova igreja no mesmo local, com total apoio da população que contribuiu com donativos e com o próprio trabalho para a nova edificação (DUARTE). Não houve nenhuma reação contrária à
demolição, uma atitude de passividade já esperada da população da época obediente aos preceitos religiosos. A nova igreja foi construída em estilo neogótico5 absolutamente oposta ao estilo maneirista da  anterior que privilegiava  o espaço horizontal  sobre a altura. A nova edificação é uma construção imponente que se faz notar pela “verticalidade da estrutura” (DUARTE). A beleza estética da igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios foi reconhecida recentemente, no ano de 2007, quando foi indicada para a escolha das sete maravilhas do estado do Piauí.

3.Mercado Público Municipal.
Localizado no centro da cidade, o mercado público municipal foi construído em 1924 para atender as necessidades de um comércio preponderante na região, ao longo desse tempo o prédio do mercado passou por várias reformas na estrutura interna com a finalidade de
adaptar-se as exigências de cada tempo. A fachada externa da edificação foi preservada no estilo original. A conservação do prédio assim é importante para a memória da cidade, pois constitui uma representação material do passado dentro de um espaço onde os efeitos deletérios ao patrimônio cultural edificado se apresentam mais acentuado.
 Esse foi durante muito tempo o principal local de encontro dos habitantes citadinos e interioranos. “Num mercado assim é onde se encontra os olhares e as figuras mais poéticas” (Lari Pereira). Sobre o Mercado Municipal de Picos o historiador Rodrigo Gerolineto, em entrevista, faz o seguinte comentário:

“O mercado municipal e suas imediações são meus locais preferidos nesta cidade. Aos sábados então nem se fala, com a chegada das pessoas do interior, como se diz por aqui, para vender seus produtos nas ruas adjacentes. Imensa riqueza econômica e cultural vem do campo. A cidade não pode prescindir do campo, o que deve ser dignificado e mantido em terra sua. Ainda vou fotografar ou escrever sobre isso”     ( Rodrigo Gerolineto Fonseca,historiador.)
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5.Neogótico ou revivalismo gótico é um estilo de arquitetura revivalista originado em meados do século XVIII na Inglaterra. No século XIX, estilos neogóticos progressivamente mais sérios e instruídos procuraram reavivar as formas góticas medievais, em contraste com os estilos clássicos dominantes na época.O movimento de revivalismo gótico teve uma influência significativa na Europa e nas Américas, e talvez tenha sido construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos XIX e XX do que durante o movimento gótico original.
4. Museu Ozildo Albano.
O prédio onde funciona o museu Ozildo Albano, localizado na Praça Josino Ferreira, S/N, foi tombado como patrimônio histórico em 1999. Foi construído em 1932 e reformado para sediar o museu, contudo foi conservado o estilo neo-clássico6. A edificação foi sede do grupo escolar Coelho Rodrigues onde estudaram varias gerações de picoenses.
PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE PICOS.
1. Apostolado da oração.
É um grupo de religiosos criado na igrejinha do sagrado coração de Jesus em 1897 com a finalidade de se encontrarem mensalmente para meditação e oração. O grupo continua em atividade a mais de um século.
2.Danças folclóricas.
- Reizado, São Gonçalo, Cavalo piancó, Dança do Congo, Passeata e queima do judas, as quadrilhas de São João.
3.Festas tradicionais:
Reveillon,Santos Reis,Carnaval,Quadrilhas mês de junho,Festa da Padroeira dia 15 de agosto,Natal  24 e 25.

4. Feira livre.
A feira livre de picos é um dos aspectos mais significativos da cultura popular de Picos, pois, simboliza toda a vocação comercial dos habitantes. No inicio da povoação picos era um local de entroncamento dos caminhos por onde passavam as boiadas, com a chegada dos transportes motorizados esses se transformaram em o principal entroncamento  rodoviário do estado do Piauí.Esse fato permite a presença na cidade de muitas pessoas praticando atividades comerciais.Assim surgia em 1845 às primeiras feiras livres, principais fontes de renda e ainda hoje a maior arrecadação de impostos do município. A feira também funciona como integração entre os picoenses e moradores de cidades vizinhas e de várias partes do Brasil.
_________________________________________________________________________ 6. A Arquitetura neoclássica foi produto da reação antibarroco e anti-rococó, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os Arquitetos formados no clima cultural do racionalismo iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civilização Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido aos progressos da Arqueologia e da História

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5. Rádio Difusora de Picos.

Localizado na Rua Joaquim Baldoíno, n°41,através de uma iniciativa pioneira na região de Picos no final dos anos 50, o então recém formado advogado e já prefeito de Picos, Helvídio Nunes de Barros já tinha o sonho de integrar a região, sonho maturado à época de governador e finalmente, realizado quando senador da República. Assim, surgiu a Rádio
Difusora de Picos, informando, oferecendo lazer através da música, promovendo e integrando toda a Região.Depois de vencida a parte burocrática no Ministério das Telecomunicações, licitação, concorrência, compra de equipamentos, instalação, formação do grupo humano para operação e administração da Emissora, a Rádio Difusora de Picos estava oficialmente no ar a 29 de julho de 1979, exatamente às 08:43 minutos, da manhã de um domingo, à rádio Difusora, que é conhecida por ser uma escola de rádio. Nomes importantes da comunicação de Picos passaram pela Rádio Difusora.

6. Academia de letras da região de Picos.
Fundada em 22 de abril de 1989 tendo como presidente a professora Rosa de Araújo luz, a academia é a principal referencia no campo da cultural na região de picos. Tem como objetivos principais: desenvolver a cultura da região, despertar o interesse da comunidade pela literatura sobremodo a piauienses e divulgar os autores da região.

Diversas atividades culturais já foram desenvolvidas pela ALERP entre elas: I Concurso de Poesia da Microrregião de Picos, Semana Cultural em homenagem ao centenário de Picos e o Seminário de Literatura Piauiense, que acontece anualmente. A ALErp conta com quarenta cadeiras destinadas aos intelectuais de Picos e da região. A entidade é dirigida por uma diretoria composta de presidente, vice-presidente, primeiro secretario, segundo secretario, primeiro tesoureiro e segundo tesoureiro.





Conclusão:
Verifica-se que na cidade de Picos as edificações localizadas no centro da cidade são as mais antigas e marco inicial da ocupação urbana, algumas datam da gênese da cidade, no entanto essas construções foram descaracterizadas por sucessivas reformas para instalações comerciais. Neste sentido, é importante destacar que o uso comercial mostra-se mais deletério à preservação do patrimônio edificado. Outro fato que chama a atenção é o não reconhecimento do patrimônio cultural como locais fundamentais para preservação da memória. Não há uma associação desses locais a fatos históricos, o que leva a uma identificação pelo antigo e não pelo histórico. O patrimônio cultural imaterial também é sufocado em detrimento de metaculturas de marionetes7 que são cooptadas em nome da modernidade.
Vale ressaltar que esse trabalho é um pequeno inventário do patrimônio cultural picoense. A dimensão reduzida é em função do espaço e do caráter do trabalho  que traz como  maior contribuição os caminhos metodológicos  aqui apontados  como parâmetros para futuras pesquisas sobre a memória e a cidade de Picos.  












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7. Músicas estrangeiras; bailes funk; forró eletrônico; Maneiras de se vestir de acordo com as tendências da moda internacional, televisão e cinema; mudança nos hábitos alimentares, sobretudo os fast food, etc





                                                           BIBLIOGRAFIA:



CASTRO, Ana Paula Cantelli;FONSECA,Rodrigues Gerolineto. Acervos históricos:       experiências no levantamento de acervos documentais na região de Picos -     Pi.                – Imperatriz-MA: Ética,2008.

DUARTE, Renato. Picos: os verdes anos cinqüenta. 2.ed.Recife: Graf.Ed. Nordeste,1995.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande e Senzala. 51ª ed. São Paulo: Global Editora,2008.

GERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1988.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura – um conceito antropológico. 16ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,2003.

MELLO, Luiz Gonzaga de. Antropologia Cultural. 3ª ed. Petrópolis: Vozes,1987

Fontes virtuais:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B3nio_cultural

http://pt. wikipedia/Neogótico.htm

http://pt. wikipedia/Rococó.htm

http://pt. wikipedia/Maneirismo.htm