terça-feira, 19 de abril de 2011

ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES INDIGENAS NO LIVRO DIDÁTICO

Antonia Claudia de C. Rocha
Nilvon Batista Brito *


A análise das representações indígenas no livro didático foi feita mediante a leitura do livro de Historia da 3ª serie (4º ano) do Ensino Fundamental, que faz parte do Projeto Pitanguá da Editora Moderna. Conforme a organização do livro apresentada no sumario, o conteúdo esta distribuído em 3 blocos , com 3 unidades em cada bloco, cujos primeiras referências aos indígenas aparecem no Bloco 1, unidade 1 intitulada “A contribuição portuguesa”, onde apontando para a intenção dos portugueses de explorar o território brasileiro, surge a necessidade de muitos trabalhadores (escravos) e de acordo com o texto “as primeiras vitimas foram os donos da terra: os povos indígenas”(p.11)
É importante ressaltar que, na unidade 1 (bloco 1) do referido livro tem um sub-tópico chamado “as três primeiras influência que atesta para a contribuição dos indígenas, portugueses e africanos na formação do povo brasileiro. Essa idéia segundo o texto “Índios: passado, presente e futuro” é freqüente, nos manuais de história e acompanha uma valorização na nacionalidade que surgiu da diversidade.
No entanto, o livro em analise trata sobre os índios de forma mais especifica na unidade 2 (bloco I), intitulada “Os índios chegaram primeiro”, com base nesse titulo podemos perceber que os autores do livro defendem os povos indígenas como os primeiros habitantes do Brasil, idéia reformada no seguinte trecho: “milhares de anos antes de os portugueses chegarem a essa terras, os antepassados dos povos indígenas já viviam aqui”. (p.27)
Seguindo a analise das representações indígenas do livro em questão, observamos trechos onde há uma presença da visão do colonizador europeu, a seguir:

“Quando os Portugueses chegaram ao Brasil em 1500, cerca de 5 milhões de indígenas habitavam o território. O primeiro contato dos portugueses foi feito com os povos tupis. Alem do trabalho dos arqueólogos, os relatos feitos por portugueses e por outros europeus que estiveram nas terras brasileiras há centenas de anos também nos ajudam a conhecer um pouco da vida dos antigos tupis”(p.28)

Diante desse trecho percebemos que relatos de portugueses e outros europeus são indicados como fontes para conhecer os tupis, grupos este que segundo o texto “foram os primeiros povos encontrados pelos portugueses. Outra informação importante no livro analisado e sob o ponto de vista de relatos de colonizadores e viajantes é apresentação dos tupis como canibais (antropófagos), segundo esses relatos:

“os tupis eram povos guerreiros. De acordo com relatos de colonizadores e de viajantes como o alemão Hans Staden, os tupis não faziam guerras para conquistar terras ou para se apossar dos bens dos adversários. O objetivo da guerra era capturar inimigos para executá-los e comê-los, vingando assim a morte dos antepassados” (p.30)

Vendo essa passagem cabe fazermos uma pergunta: será que o objetivo da guerra para o povo tupi era somente capturar inimigos para matá-los e depois comê-los? Ainda se tratando das representações indígenas, o manual em analise mostra também dentro da unidade 2 “a historia do Brasil vista pelos indígenas, mas atesta para a luta desses povos para manter suas tradições e suas terras nos dias atuais. Ainda destaca a existência de diversos grupos que numa perspectivas de sobrevivência conseguiram se recuperar e a população voltou a crescer, tem como exemplo o povo Krenak, Quarup, Ianomami, Juma, Pataxó, Xavante, Caiapó, etc.
Feita a analise, entendemos que o texto sobre a historia dos povos indígenas foi construída entre contradições, pois mesmo não delimitando a história desses povos ao passado e apresentando-a nos dias atuais, a maioria das fontes consideradas na construção dessa historia são européias (relatos de viajantes) e o ponto de vista dos colonizadores. Portanto, podemos entender que apesar das mudanças que aconteceram nos últimos anos a respeito de como tratar e ver a historia indígena, a análise que realizamos nos propiciou também a visão de que o caráter dos textos sobre os povos indígenas é informativo sem muitas vezes inferir sem muitas vezes inferir qualquer intenção de critica ou reflexão sobre esse assunto.






BIBLIOGRAFIA:
Projeto Pintanguá: História/organizadora – Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela editora moderna, editora responsável Maria Raquel Apolinário. – 1.ed – São Paulo, 2005.

Texto; Índios: passado, presente e futuro. Luis Donisete Benzi Grupioni Mari – Grupo de Educação Indígena/USP – Disponível em WWW.forumeja.org.br

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